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Deixa-me ouvir o que não ouço...
Não é a brisa, ou o arvoredo;
É outra coisa intercalada...
É qualquer coisa que não posso
Ouvir senão em segredo,
E que talvez não seja nada...
Deixa-me ouvir...Não fales alto!
Um momento!...Depois o amor,
Se quiseres...Agora cala!
Ténue, longínquo sobressalto
Que substitui a dor
Que inquieta e embala...
O quê?Só a brisa entre a folhagem?
Talvez...Só o canto pressentido?
Não sei, mas custa amar depois...
Sim, torna a mim, e a paisagem
E a verdadeira brisa, ruído...
Que pena sermos dois!
Fernando Pessoa- 12-08-1930)
Lindíssimos
ResponderEliminarfotografia e
poema.
Bom fim-de-semana
:)
lido no dia (30) em que faz aanos que ele morreu-1935.Ou seja em que a sua verdadeira vida surgiu verdadeiramente para o mundo.
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