terça-feira, agosto 30, 2011

As paixões são vibrações da alma...



David Hume, na sua Dissertação sobre as Paixões comparava a alma humana a um instrumento de cordas e não de sopro. Se ao cessar o sopro findava a música, tal não acontecia com o outro instrumento, cujas cordas continuavam a ressoar e a vibrar depois do toque inicial. Ora as paixões são vibrações na alma ocasionadas pelos movimentos do corpo. De tal modo  que podemos defini-las como uma intersecção entre o corpo e a alma, incapazes que somos de pensá-las sem indagar a forma como agitam o corpo e como são representadas ou figuradas pela razão. Mas a intersecção gera um espaço de ambiguidade que é consubstancial às paixões, daí a sua riqueza, rebeldia e distanciamento em relação à lógica pura.

(Blaise Pascal- Discurso sobre as paixões do amor)

sexta-feira, agosto 26, 2011

A lua cheia dos meus cantos está no seu fulgor.....



   (Ansel Adams)
Mordeis-me a cauda do fato de sereia?
Que importa! Eu voo no voo do condor.
Escureceis-me o verso onde clareia
A estrela que me deu um trovador?


Que importa! Eu vou no vento. A lua cheia
Dos meus cantos está no seu fulgor.
Que importa a fama- o uivar da alcateia?
De sons vácuos o efémero tambor.


Que importam vãos sinais: menos ou mais.
Eu estou nos quatro pontos cardeais
Prometida ao mundo dos assombros.


Ubíqua de origem e de futuro,
Irei na profecia. Eu sei, eu juro
Pelas estrelas que hão-de levar-me aos ombros.

(Natália Correia- O romper da manhã na noite mística II)

domingo, agosto 21, 2011

Será esta a situação de todas as artes?

 (Matisse)
Eu digo: « Gosto de Joseph Conrad.»E o meu amigo: « Eu, nem por isso.» Mas estaremos a falar do mesmo autor? Li dois romances de Conrad, o meu amigo leu um que não conheço. E, no entanto, cada um de nós, em toda a inocência (em toda a impertinência inocente), tem a certeza que forma uma ideia correcta sobre Conrad.
Será esta a situação de todas as artes? Não totalmente. Se eu dissesse a alguém que Matisse é um pintor de segunda ordem, bastaria que o meu interlocutor passasse um quarto de hora num museu para compreender que sou tolo. Mas como ler toda a obra de Conrad? Demoraria semanas! As diferentes artes acedem de forma diferente ao nosso cérebro; instalam-se com uma grande facilidade, uma velocidade diferente, um outro grau de inevitável simplificação; e com outra permanência. Todos nós falamos de história da literatura, reclamamo-nos dela, certos que a conhecemos, mas o que é in concreto a história da literatura da memória comum? Uma manta de retalhos feita de imagens fragmentárias que, por puro acaso, cada um dos milhares de leitores criou para si mesmo. Debaixo do céu retalhado desta memória vaporosa e ilusória, estamos à mercê de listas negras, dos seus vereditos arbitrários e inverificáveis, sempre prontos para imitar a sua estúpida elegância.

(Milan Kundera- Um encontro)


sexta-feira, agosto 19, 2011

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           (Kandinsky)
Desde princípios de Agosto que se foram todas as imagens do meu blog. Como devem imaginar não tenho estado parada, fazendo todos os esforços para conseguir recuperar o "Aguarelas" na sua forma original. Os esforços que desenvolvi levaram-me aos foruns do blogger onde, aparentemente, se conseguem obter saídas para os diferentes problemas. Contudo, para minha surpresa, até ao momento não consegui descobrir nenhum canal directo ao qual possa pôr as questões relativas a este "quase naufrágio". Nos foruns em que pesquisei descobri que não era única (como é óbvio) nesta situação. Descobri ainda, um pouco mais: a  muitos dos que as imagens tinham desaparecido tinham utilizado o Google + que usa como suporte das imagens o Picasa. No meu caso, porque tenho família fóra que utiliza o Google +, resolvi também experimentar inscrever-me. Quando o fiz verifiquei que no banco de imagens do Google + estavam todas as imagens dos meus blogs. Pareceu-me não fazer sentido, já que se tratava de uma outra esfera de comunicação, pespegar uma quase invasão de imagens aos meus queridos parentes. Resolvi então apagá-las naquele estrito lugar. Eis se não quando, no dia seguinte, dois dos meus blogs estavam vazios de imagens!!!!
Como acontecera aquilo? De procura em procura (até ao momento) verifiquei que com quase toda a certeza não as vou conseguir reaver. Supostamente foram apagadas do Picasa......e quando assim é, segundo dizem, e não se recuperam na lixeira, desaparecem....
Não vos vou falar de como me senti e sinto. De facto, ainda não acredito bem que não as consiga reaver. Procuro sim, avisar todos os que por aqui passam a tomarem as maiores precauções em relação à utilização do Google + e toda a sua panóplia, aparentemente tão sofisticadamente desenvolvida. Quando tal acontece, acontece sem perguntas ou avisos....é uma verdadeira queda no buraco negro.
Vou continuar a procurar e a tentar recordar-me de algumas das imagens que escolhi para ilustrar poemas, textos...Até lá se, ao olharem para os céus, descobrirem um turbilhão de reproduções ou de fotografias não se esqueçam de me avisar. Eu estarei cá em baixo, com uma larga saia, procurando agarrar tudo o que teima em fugir.

domingo, agosto 07, 2011

Aguarelas de Turner - Dias de Tempestade

   (Aguarelas de Turner)
De anteontem para ontem desapareceram-me todas as imagens de um blog que construo há cerca de seis anos. Naturalmente que desejo recuperar, o mais depressa possível, este meu lugar de encontro e de cruzamento da escrita com a imagem.
Alguém poderá ter ideia do"fenómeno "ocorrido com o "Aguarelas de Turner"?
Esta perda dá-me uma vez mais a percepção da fragilidade do virtual que se apresenta nos dias de hoje como a"quintaessência"dos tempos modernos.