terça-feira, setembro 09, 2008

que do passado guarda a ânsia nocturna das esperas...

(Cezanne)

A pequena cidade da infância
é, como um sonho, turva ainda sob
o céu- que do passado guarda a ânsia
nocturna das esperas-onde coube


toda a vida futura Não a soube
ela ver das estrelas na abundância
ardendo, tal aquele a quem alguém roube
o tempo por viver sem que a constância

dos dias o ignore Essas estrelas
como num sonho soltam-se perdidas
da constelação rápida que tinha

do tempo a forma Ó vã cidadezinha
antes de qualquer tempo sobre a vida
mataste o tempo que te come agora

Gastão Cruz (1941)
Crateras

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