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(Epigrama)
Foi o medo, no mundo, que os deuses inventou,
no momento em que os raios do céu se despenhavam,
que as chamas destruíam os montes e as cidades.
Cedo se fez de Febo, de oriente a ocidente,
o deus que ordena a terra; a Lua a mensageira
da renovada esp´rança; dos signos, sobre o orbe,
a sucessão dos meses no decurso do ano.
Crédulos lavradores, com infundada crença,
trataram de honrar Ceres levando-lhe primícias,
e de com vastas palmas engrinaldaram Baco.
Só falta para aqueles que o mundo vão vendendo
finalmente inventarem o deus da avareza.
Séneca (Fragmento 27,w I-9, 12-13.)
O medo explica muita coisa.
ResponderEliminarabraço.
ResponderEliminar"aguarela cintilante"
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bjo.
Addiragram:
ResponderEliminarum poema de carne e osso.
Adorei ler.
Um feliz Natal.
bjs.
JU gioli
Curioso este teu 'post' de um Séneca à mesma distância de dois mil anos que outro homem com bastante mais popularidade. Curioso como se sabe há tanto tempo dos monstros que o medo gera. Curioso como está à mão de semear a boa razão e se populariza a trágica. Curioso como as religiões rejeitam a evolução por não a poderem integrar. Curioso como além do deus da avareza surgiram tantos mais impensáveis deuses. Curioso como do medo das tempestades chegámos ao medo de que nada de relevante aconteça para nos dissipar o tédio.
ResponderEliminarObrigada pelo teu "acrescento"...De facto, paralisamos a Vida com o medo do Medo..
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