segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Ninguém assim por ninguém

(Aguarelas de Turner)
Balada de Lisboa

Em cada esquina te vais
Em cada esquina te vejo
Esta é a cidade que tem
Teu nome escrito no cais
A cidade onde desenho
Teu rosto com sol e Tejo

Caravelas te levaram
Caravelas te perderam
Esta é a cidade onde chegas
Nas manhãs de tua ausência
Tão perto de mim tão longe
Tão fora de seres presente


Esta é a cidade onde estás
Como quem não volta mais
Tão dentro de mim tão que
Nunca ninguém por ninguém
Em cada dia regressas
Em cada dia te vais

Em cada rua me foges
Em cada rua te vejo
Tão doente de viagem
Teu rosto de sol e Tejo
Esta é a cidade onde moras
Como quem está de passagem

Às vezes pergunto se
Às vezes pergunto quem
Esta é a cidade onde estás
Como quem nunca mais vem
Tão longe de mim tão perto
Ninguém assim por ninguém


Lisboa, 1989

(Manuel Alegre)

1 comentário:

  1. O poeta da Praça da Canção, não tendo nascido em Lisboa, tem cantado esta cidade como se fosse mesmo lisboeta.
    Porque para se falar poeticamente de uma cidade, é preciso saber captar-lhe a essência, o estilo, a identidade.

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