
Nasceu cego o Pensar sabendo o que é ver.
Contornos e formas, por tacto sentindo,
A forma sugere como algo do ser
Na treva errante o tacto vestindo.
Mas como o tacto, adivinhado, ensina
Que ele é só senso vazio e detido?
Como é que o tacto à mente confina
Inteligência no vero sentido?
A coisa omitida, uma vez tocada
Na memória está, sabida e real;
Assim a lembrança do toque ajustada
Ao senso sentido, onde a coisa dista
Dada pelo facto, falso-certa e tal
Que o tacto mental não vê, mas a Vista.
(Fernando Pessoa- 35 sonetos e poemas ingleses)
A profundidade poética que nos faz ler e reler e pensar e repensar.
ResponderEliminarPor isso o Pessoa era único.