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Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
Maria do Rosário Pedreira
"Guarda tu agora o que eu, subitamente, perdi / talvez para sempre - a casa e o cheiro dos livros, / a suave respiração do tempo, palavras, a verdade, / camas desfeitas algures pela manhã, / o abrigo de um corpo agitado no seu sono. Guarda-o // ... " :)
ResponderEliminarHá muito pouco tempo é que ma deram a conhecer... Gosto muito. Fez-me, sem saber, muita falta!
ResponderEliminarJinhos.
Ah... como eu adoro a poesia de Maria do Rosário Pedreira...as suas palavras fundem-se em mim, como brasa que me atravessa, porque em cada uma delas, eu me revejo...
ResponderEliminarAbraço ;)