
Génese
Todo o poema começa de manhã, com o sol. Mesmo
que o sol não esteja à vista (isto é, céu de chuva)
o poema é o que explica tudo, o que dá luz
à terra, ao céu, e com nuvens à mistura- a luz incomoda,
quando excessiva. Depois, o poema sobe
com as névoas que o dia arrasta; mete-se pelas copas das
árvores, canta com os pássaros, e corre com os ribeiros
que vêm não se sabe de onde e vão para onde
não se sabe. O poema conta como tudo é feito:
menos ele próprio, que começa por um acaso cinzento,
como esta manhã, e acaba também por acaso,
com o sol a querer romper.
(Nuno Júdice- Poemas em voz alta)
Ou seja, o poema explica mas não se explica.
ResponderEliminarSomos sempre nós que temos de o decifrar.