segunda-feira, outubro 02, 2006

Onda de pedra em cada reeencontro...

(Rodin)



Presídio

Nem todo o corpo é de carne...Não ,nem todo.

Que dizer do pescoço,às vezes mármore,

às vezes linho,lago,tronco de árvore,

nuvem,ou ave,ao tacto sempre pouco...?

e o ventre,inconsistente como o lodo?...

e o morno gradeamnento dos teus baraços?

Não ,meu amor...Nem todo o corpo é carne:

é também água ,terra,vento,fogo..

É sobretudo sombra à despedida;

onda de pedra em cada reencontro;

no parque da memória o fugidio

vulto da Primavera em pleno Outono...

Nem só de carne é feito este presídio,

pois no teu corpo existe o mundo todo!


David Mourão Ferreira

3 comentários:

  1. Meu Deus!
    A inteligência, a sensibilidade, o mundo, tudo..., em forma de poesia.

    ResponderEliminar
  2. este homem era senhor da palavra e dos sentidos. Fascínante!

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos