quinta-feira, outubro 22, 2009

A palavra flor andou por dentro da criança...


A FLOR                                 (Matisse)

"Je travaille tant que je peux et le mieux que je peux, toute la journée. Je donne toute ma mesure, tous mes moyens. Et après, si ce que j'ai fait nést pas bon, je n'en suis plus responsable: cést que je ne peux vraiment pas faire mieux" Henri Matisse

Pede-se à criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as duma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

(Almada Negreiros)

5 comentários:

  1. Porque se as flores desenhassem, certamente, desenhariam crianças.

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  2. Desenhássemos nós assim flores... que bom seria!
    Bj

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  3. Dos mais belos textos dele juntamente com a mãe.

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  4. Este belo texto de Mestre Almada, vale mais do que um grosso tratado de Pedagogia.

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  5. Obrigado por me fazeres rever estye lindo texto.

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