quarta-feira, setembro 02, 2009

nada sabendo da História que levanta edifícios...

(Aguarelas de Turner)


Os gatos,

não vagabundos mas sem ter um dono,

ao sol adormecidos

em ruas sem passeios,

ou esperando uma mão generosa

talvez entre ruínas,

os gatos

imortais de um modo tão humilde,

desafiam o tempo, permanecem

suportando bons e maus momentos,

nada sabendo da História

que levanta edifícios

ou os deixa abismar-se entre pedaços

belos ainda, agora nobres pedestais

dessas figuras: livres.

Olhar fixo de uns olhos muito verdes,

em solidão, em ócio e luz distante.

Olhos semicerrados, olhos quase chineses,

loira a pele em calma iluminada.

Erguido junto a um mármore,

resto sobrevivente de coluna,

alguém feliz e pulcro

alia-se com a pata bem lambida.

gatos. Frente à História,

sensíveis, sérios, sozinhos, inocentes.


(Jorge Guíllen, Gatos de Roma)

2 comentários:

  1. Os gatos são, dos animais ditos domésticos, os mais independentes e nobres. Por isso sempre gosrei de gatos.
    Agora não tenho nenhum que seja mesmo meu, mas por aqui circulam alguns exemplares de vizinhos.
    Especialmente uma gatucha branca que conhece os nossos horários e por aqui vem pontualmente, reivindicar a sua dose de mimos.

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