quarta-feira, janeiro 09, 2008

Que vigor no campo das liliáceas....


Vida

Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!

Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.

Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!
Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.

Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
- E se arde tudo? - Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...

(Camilo Pessanha - Clepsidra)
             

5 comentários:

  1. Tudo brota da terra húmida vivificada em raízes eternas.
    Lindo este poema.
    Beijo

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  2. A natureza tem sempre essa capacidade de nos surpreender.

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  3. "Deixem! Não calquem! Deixem arder.
    Se aqui o pisam, rebenta além.
    - E se arde tudo? - Isso que tem?
    Deitam-lhe fogo, é para arder...
    Como a natureza humana: imprevisivel e indomavel.

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  4. Em silêncio... que a vida está passando por aqui.

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  5. Pode-se supor que se domina a Natureza.
    Puro engano.
    Mais tarde ou mais cedo, ela afirma a sua força.

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