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CARPE DIEM
Confias no incerto amanhã? Entregas
às sombras do acaso a resposta inadiável?
Aceitas que a diurna inquietação da alma
substitua o riso claro de um corpo
Que te exige o prazer? Fogem-te, por entre os dedos,
os instantes; e nesses lábios que amaste
morre um fim de frase, deixando a dúvida
definitiva.Um nome inútil persegue a tua memória
para que o roubes ao sono dos sentidos.Porém,
nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;
e abraças a pr´pria figura do vazio. Então,
por que esperas para saír ao encontro da vida,
do sopro quente da primavera, das margens
visíveis do humano? « Não»,dizes « nada me obrigará
à renúncia de mim próprio-nem esse olhar
que me oferece o leito profundo da sua imagem!»
Louco, ignora que o destino, por vezes,
se confunde com a brevidade do verso.
Nuno Júdice (Poemas em Voz Alta)
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