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( Munique, 9 de junho de 1897)
Tarde de quarta -feira
Deslizo para fora da tua casa
Pelas ruas de chuva, e acredito
Que cada transeunte com que me cruzo
Vê brilhar nos meus olhos
A alma radiosa e redimida.
Quero ao caminhar, a todo o custo
Esconder da multidão, a minha alegria,
Levo-a à pressa para minha casa;
Fecho-a no mais fundo das noites
Como um cofre dourado.
Depois retiro da sombra,
Peça após peça, os seus tesouros
E já não sei para onde olhar;
Pois cada recanto do meu quarto
Está repleto, repleto de ouro.
É uma riqueza infinita
Como nunca a noite viu
Nem o orvalho humedeceu;
E que nunca uma noiva
Por amor, recebeu
São ricos diademas
Em que pedras são estrelas.
Ninguém o sabe.Estou,
Entre os meus tesouros como um rei,
E sei quem é a minha rainha.
Rainer Maria RILKE (a Lou Salomé em Munique)
Percebo bem a situação que o autor descreve... é única!
ResponderEliminarMais uma vez confronto-me com a minha ignorância.
ResponderEliminarCOMO É QUE SE PODE ESCREVER UMA COISA TÂO LINDA!