segunda-feira, agosto 24, 2009

" O meu campo"

(Aguarelas de Turner)
(Aguarelas de Turner)
(Aguarelas de Turner)

(Aguarelas de Turner)
(Aguarelas de Turner)

O facto de ser só lisboeta levava-me, em menina, a sentir que me faltava qualquer coisa, uma espécie de "âncora" a que poderia recorrer naqueles tempos em que todos partiam para os seus lugares, geralmente sempre os mesmos. A praia da infância existiu, enquanto existiram os familiares que por lá viviam. Depois ficaram só memórias.
Uns amigos eram do Centro, outros do Norte, outros do Interior e era para que todos regressavam em tempos de férias. Desapareciam no Verão para só voltarem a ser vistos quando as aulas começavam, e eu imaginava esses lugares como cheios de aventuras e experiências a que eu como lisboeta estava vedada. Era uma espécie de analfabetismo, o não ter o meu lugar no campo. Quando tinha a oportunidade de visitar um desses amigos no seu campo, retinha com todas as minhas forças os cheiros dos pinheiros e da terra, todas aquelas coisas que eu, evidentemente, nada percebia. Mais tarde, ventos familiares criaram também essa possibilidade. Pude então recuperar um tempo perdido. Esse campo trouxe-me alegrias novas e oportunidades únicas. Foi por assim dizer a "sementeira" de outro lugar que mais tarde pude descobrir. Não sei se será por isso, mas a verdade é que nunca me canso de andar por aqui...

3 comentários:

  1. A valorização do campo, enquanto acto esteticamente consciente, é uma construção urbana. Como lisboeta vê-o muito melhor do que alguém que lá vive.

    JR

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  2. Também eu tenho um campo, que me envolve e eu abraço demoradamente.

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