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A Flor
Entre a erva dos nervos camuflada,
emboscada no túnel de uma veia,
a flor apenas rompe, deslumbrada,
quando o pinhal à noite se incendeia...
Virá a converter-se em depressão,
enfarte do miocárdio, ou embolia,
no dia em que se apague esse clarão
com que a sua presença se anuncia...?
Mas numa artéria já sem movimento,
ou na erva dos nervos recolhida,
descobrirão a flor feita de vento
que em vida me deu morte e me deu vida...
Hão-de enterrar então a flor e o vaso.
E nunca ninguém mais alude ao caso.
(David Mourão-Ferreira- Infinito Pessoal)
Sublime David... lembrou-me uma flor de vida para uma vida vindoura, que há dias pus numa jarra lá de casa! Beijos.
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