Turner na liberdade das suas aguarelas dá-nos a emoção do olhar e do sentir em estado puro.Este espaço propõe-se convocar, pela voz dos que sabem, múltiplos instantes de vida: luz e sombra; esquecimento e memória; vida e morte...
"Seja qual fôr o caminho que eu escolher um poeta já passou por ele antes de mim"
S. Freud
segunda-feira, março 31, 2008
Notas de viagem- Rethymno-olhares
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
domingo, março 30, 2008
Notas de viagem-Creta- Rethymno, cidade antiga
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
sábado, março 29, 2008
Notas de viagem-Creta-Rethymno
Rethymno, a primeira cidade que visitei, está marcada profundamente pelas "presenças" veneziana e turcas.As ruas da cidade antiga com as suas mútlipas lojas cheias de aromas(as ervas aromáticas fazem parte do quotidiano cretense) recordam,muito fortemente, as medinas árabes. A luz , essa, quando se mostra em pleno, tem bem o cunho do Mediterrâneo.
http://www.interkriti.org/rethymnon/rethymnon_city_map.html
Olhar o mundo à minha volta,
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sexta-feira, março 28, 2008
Notas de Viagem- Creta-o mar e as montanhas
Quando partimos à descoberta de novos lugares levamos na mala um sonho. Se é ele o nosso motor propulsor, é também o coração de algumas decepções. Esse sonho é uma imagem compósita que integra um conjunto vastíssimo de representações, umas de origem facilmente identificável, outras, quase imperceptíveis. Assim conhecer um novo lugar implicará também sermos capazes de nos desprendermos parcialmente do nosso Sonho para nos abrirmos verdadeiramente ao olhar. Creta era, assim, um lugar particularmente carregado de representações e, por isso mesmo talvez, especialmente predisposto a decepções. Sabemos da experiência das relações humanas que aquelas que mais idealizamos serão, talvez, aquelas que mais rapidamente nos trarão a outra face...Assim, através dos apontamentos fotográficos irei mostrar-vos o que de melhor me foi dado ver, sem deixar de referir também o lado mais decepcionante desta ilha. Para tal usarei ainda algumas passagens do livro de H.Miller(O Colosso de Maroussi) escrito durante a 2ª guerra mundial, que ajudou a preparar a minha partida e me acompanhou durante a estadia. Algumas passagens continuam bem actuais.
Olhar o mundo à minha volta,
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usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
quarta-feira, março 19, 2008
Zorba o Grego
Quem não se lembra?
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terça-feira, março 18, 2008
À descoberta das civilização minoica
Viajar é ... alargar a dimensão do Homem. O contacto com outras gentes deixa-me sempre mais enriquecida, ajudando-me a romper com concepções feitas de hábitos que correm o risco de se transformar em regras. Assim, vou aproveitar para saborear e aprender tudo o que me for possível deste novo-velho lugar ,prometendo trazer-vos aqui alguns reflexos que o meu sentir conseguir captar. Umas boas férias a quem as puder ter e um até já a todos os meus amigos.
Olhar o mundo à minha volta,
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segunda-feira, março 17, 2008
O seu falar criava reverberações...
Foi mais tarde, depois de ter regressado a Corfu e tomado bem o gosto à solidão que apreciei ainda mais o monólogo « katsimbalista».(*) Deitado nu, ao sol, numa saliência rochosa junto ao mar, fechava com frequência os olhos e tentava tecer de novo o padrão das suas conversas. Foi então que fiz a descoberta de que o seu falar criava reverberações, que o eco demorava muito tempo a chegar aos nossos ouvidos. Comecei a compará-lo ao falar francês em que estivera envolvido tanto tempo. Este assemelhava-se mais ao jogo de luz sobre um vaso de alabastro, em algo reflexivo, lépido, dançante, líquido, evanescente, ao passo que o outro, a linguagem katsimbalista, era opaco, nublado, prenhe de ressonâncias que só podiam ser compreendidas muito depois, quando as reverberações anunciavam a colisão com pensamentos, pessoas, objectos localizados em distantes partes da Terra. O francês ergue muros à volta do seu falar, como o faz à volta do seu jardim: põe limites em tudo, a fim de se sentir em casa. No fundo falta-lhe confiança no seu semelhante, é céptico porque não acredita na bondade inata dos seres humanos. Tornou-se realista porque isso é seguro e prático. O grego, por outro lado, é aventureiro: é ousado e adaptável, faz amigos com facilidade. Os muros que vemos na Grécia, quando não são de origem turca ou veneziana, remontam à idade ciclópica. Eu diria, por experiência própria, que não existe homem mais franco, acessível e fácil de lidar do que o grego. Torna-se imediatamente um amigo: vem ao nosso encontro. (...)
(Henry Miller-O Colosso de Maroussi)
(*)-referência a Katsimbalis, amigo grego que fascinou Henry Miller
(Henry Miller-O Colosso de Maroussi)
(*)-referência a Katsimbalis, amigo grego que fascinou Henry Miller
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domingo, março 16, 2008
De Sábado para Domingo...um filme- Atonement
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sábado, março 15, 2008
Je ne parlerai pas, je ne penserai rien...
Sensation
Je ne parlerai pas, je ne penserai rien :
Mais l'amour infini me montera dans l'âme,
Et j'irai loin, bien loin, comme un bohémien,
Par la Nature, — heureux comme avec une femme.
(Rimbaud- Poésies)
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sexta-feira, março 14, 2008
Deves seguir por um caminho que é o da ignorância...
(...)
Tu dirás que estou a repetir
Algo que disse antes. Di-lo-ei de novo.
Di-lo-ei de novo? Para chegares aí,
Para chegares onde estás, para saíres de onde não estás,
Deves seguir por um caminho onde não há êxtase.
Para chegares ao que não sabes
Deves seguir por um caminho que é o da ignorância.
Para possuíres o que não possuis
Deves seguir pelo caminho da despossessão.
Para chegares ao que não és
Deves seguir pelo caminho onde não estás.
E o que não sabes é a única coisa que sabes
E o que possuís é o que não possuís
E onde estás é onde não estás.
(T.S.Eliot-Quatro Quartetos-East Coker III)
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quinta-feira, março 13, 2008
Em Kalami os dias corriam como uma canção...
(Boudin)
Em Kalami os dias corriam como uma canção. De vez em quando, escrevia uma carta ou tentava pintar uma aguarela. Havia muito que ler lá em casa, mas eu não sentia o mínimo desejo de olhar para um livro. Durrell tentou convencer-me a ler os Sonetos de Shakespeare e, após um cerco de aproximadamente uma semana, acabei por ler um, talvez o soneto mais misterioso que o bardo escreveu. (Creio que era «The Phoenix and the Turtle".) Pouco depois recebi pelo correio A Doutrina Secreta e a isso sim, atirei-me com gana. Reli também o Diário de Nijinski. Sei que voltarei a lê-lo mais vezes. Há apenas alguns livros que sou capaz de ler e reler: um é Mysteries e o
outro O Eterno Marido.Talvez devesse acrescentar também Alice no País das Maravilhas. Seja como for, era muito melhor passar os serões a conversar e a cantar, ou parado nos rochedos à beira da água a estudar as estrelas com um telescópio.
outro O Eterno Marido.Talvez devesse acrescentar também Alice no País das Maravilhas. Seja como for, era muito melhor passar os serões a conversar e a cantar, ou parado nos rochedos à beira da água a estudar as estrelas com um telescópio.
Quando a Condessa reapareceu em cena, convenceu-nos a passar alguns dias na sua propriedade noutra parte da ilha. Passámos juntos três dias maravilhosos e depois, no meio da noite, o exército grego foi mobilizado. A guerra ainda não tinha sido declarada, mas o apressado regresso do rei a Atenas foi interpretado por toda a gente como um sinal nefasto. Todos quantos dispunham dos meios necessários pareciam determinados a seguir o exemplo do monarca. A cidade de Corfu estava mergulhada em verdadeiro pânico. Durrell queria alistar-se no Exército grego para prestar serviço na fronteira albanesa; Spiro, que ultrapassara o limite de idade, também desejava oferecer os seus préstimos. Passaram alguns dias assim, cheios de gestos histéricos, e depois, como se tudo tivesse sido organizado por um empresário, encontrámo-nos todos à espera do barco para nos levar a Atenas. O barco deveria chegar às nove da manhã, mas
nós só embarcámos às quatro da manhã seguinte. Nessa altura, o cais estava cheio de uma indescritível confusão de bagagens sobre os quais os febris donos se sentavam ou estiraçavam, esforçando-se para parecerem despreocupados, quando na realidade tremiam de medo. A cena mais vergonhosa verificou-se quando lanchas entraram finalmente em acção. Como de costume, os ricos insistiam em embarcar primeiro. Em virtude de ter uma passagem de primeira classe, dei comigo entre os ricos. Sentia-me completamente enojado e com uma certa vontade de não embarcar, sequer, e regressar calmamente a casa de Durrell, e deixar as coisas seguirem o seu curso. Foi então que descobri que, mercê de qualquer singularidade miraculosa, afinal não embarcaríamos em primeiro lugar, mas sim em último. Toda a bela bagagem começou a ser retirada das lanchas e atirada de novo para o cais. O meu coração animou-se.(cont.)
(Henry Miller- O Colosso de Maroussi)
nós só embarcámos às quatro da manhã seguinte. Nessa altura, o cais estava cheio de uma indescritível confusão de bagagens sobre os quais os febris donos se sentavam ou estiraçavam, esforçando-se para parecerem despreocupados, quando na realidade tremiam de medo. A cena mais vergonhosa verificou-se quando lanchas entraram finalmente em acção. Como de costume, os ricos insistiam em embarcar primeiro. Em virtude de ter uma passagem de primeira classe, dei comigo entre os ricos. Sentia-me completamente enojado e com uma certa vontade de não embarcar, sequer, e regressar calmamente a casa de Durrell, e deixar as coisas seguirem o seu curso. Foi então que descobri que, mercê de qualquer singularidade miraculosa, afinal não embarcaríamos em primeiro lugar, mas sim em último. Toda a bela bagagem começou a ser retirada das lanchas e atirada de novo para o cais. O meu coração animou-se.(cont.)
(Henry Miller- O Colosso de Maroussi)
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quarta-feira, março 12, 2008
Reflexos do Olhar XXVI-caminho iluminado
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terça-feira, março 11, 2008
Oiçam comigo- "Lascia la spina"- Haendel e Cecilia Bartoli
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segunda-feira, março 10, 2008
E, subitamente, ela caminhava sozinha ao lado de um rio....
(Corot)
Eu nunca teria ido para a Grécia se não fosse uma rapariga chamada Betty Ryan que morava na mesma casa que eu em Paris. Uma noite,enquanto tomávamos um copo de vinho, ela começou a falar das suas experiências de viajar pelo mundo. Escutei-a sempre com grande atenção, não apenas porque as suas experiências eram estranhas, mas também porque quando falava das suas andanças ela parecia pintá-las: tudo quanto descrevia ficava na minha cabeça como telas acabadas de um mestre. Foi uma conversa peculiar a dessa noite: começámos por conversar a respeito da China e da língua chinesa, cujo estudo ela iniciara. Em breve estávamos no Norte África, no deserto, entre povos que nunca ouvira falar antes. E, subitamente, ela caminhava sozinha ao lado de um rio, a luz era intensa e eu seguia-a o melhor que podia sob o sol ofuscante, mas ela perdeu-se e dei comigo a vaguear numa terra estranha, ouvindo uma língua que nunca tinha escutado. Esta rapariga não é exactamente uma narradora de histórias, mas é uma artista de qualquer espécie, porque ninguém jamais me transmitira tão completamente a atmosfera de um lugar como ela me transmitiu a da Grécia. Muito depois, descobri que tinha sido perto de Olímpia que ela se perdera, e eu com ela, mas na altura tratava-se apenas da Grécia para mim, um mundo de luz como nunca sonhara nem esperara ver. (cont.)
(Henry Miller- O Colosso de Maroussi)
(Henry Miller- O Colosso de Maroussi)
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domingo, março 09, 2008
De Sábado para Domingo....um filme - O Pianista
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sábado, março 08, 2008
Tendem para a claridade as coisas escuras...
(Van Gogh)
Traz-me o girassol para que eu o transplante
para o meu terreno mordido pelo ar salgado,
e mostre todo o dia ao céu azul espelhante
a ansiedade do seu rosto amarelado.
Tendem para a claridade as coisas escuras,
esgotam-se os corpos num fluir
de tintas: e estas em música. Esvair
é assim a ventura das venturas.
Traz-me tu a planta que conduz
ao lugar onde surge a loura transparência
evapora a vida qual essência;
traz-me o girassol enlouquecido de luz.
(Eugenio Montale- Poesia)
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sexta-feira, março 07, 2008
Não sei qual dos dois escreve esta página....
(Magritte)
É ao outro, a Borges, que acontecem as coisas. Eu caminho por Buenos Aires e demoro-me, talvez já mecanicamente, a olhar o arco de um alpendre e o guarda-vento; de Borges tenho notícias pelo correio e vejo o seu nome num grupo de professores ou num dicionário biográfico. Gosto de relógios de areia, dos mapas, da tipografia do sec. XVIII, do sabor do café e da prosa de Stevenson; o outro compartilha dessas preferências, mas de um modo vaidoso, que as converte em atributos de um actor. Seria exagerado afirmar que as nossas relações são hostis; eu vivo, eu deixo-me viver, para que Borges possa tecer a sua literatura, e essa literatura justifica-me. Nada me custa confessar que conseguiu certas páginas válidas, mas essas páginas não me podem salvar, talvez porque o que é bom já não é de ninguém, nem sequer do outro, mas sim da linguagem ou da tradição. Além do mais, estou destinado a perder-me, definitivamente, e apenas algum instante meu poderá sobreviver ao outro. A pouco e pouco vou cedendo-lhe tudo, embora não desconheça o seu perverso costume de falsear e de magnificar. Spinoza entendeu que todas as coisas querem ser preservadas no seu ser; a pedra quer eternamente ser pedra e o tigre tigre. Eu hei-de ficar em Borges, não em mim (se é que sou alguém), mas reconheço-me menos nos seus livros que em muitos outros ou que no laborioso zangarreio de uma viola. Há anos procurei libertar-me dele e passei das mitologias do arrabalde ao jogos com o tempo e com o infinito, mas esses jogos são agora de Borges e terei de idealizar outras coisas, Assim a minha vida é uma fuga e perco tudo e tudo é do esquecimento ou do outro.
Não sei qual dos dois escreve esta página.
(Jorge Luis Borges- Poemas escolhidos)
Não sei qual dos dois escreve esta página.
(Jorge Luis Borges- Poemas escolhidos)
Olhar o mundo à minha volta,
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quinta-feira, março 06, 2008
Lopes Graça- ACORDAI
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quarta-feira, março 05, 2008
Amo el amor que se reparte en besos, lecho y pan...
(Lawrence Alma Tadema)
Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.
Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.
Amor que quiere libertarse
para volver a amar.
Amor divinizado que se acerca.
Amor divinizado que se va.
(Pablo Neruda- Crepusculario)
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terça-feira, março 04, 2008
Reflexos do Olhar XXV- Luz-Reflexos-Sombras
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segunda-feira, março 03, 2008
Moro em Lisboa- Teresa Salgueiro
Olhar o mundo à minha volta,
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domingo, março 02, 2008
Um Sábado com o Aqueduto das Águas Livres
http://www.cnc.pt/Artigo.aspx?ID=280
http://www.arqnet.pt/portal/imagemsemanal/junho0203.html
http://www.arquitectura.pt/forum/f10/aqueduto-guas-livres-6489.html
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