IGNOTUS
Onde te escondes? Eis que em vão clamamos,
Suspirando e erguendo as mãos em vão!
Já a voz enrouquece e o coração
Está cansado - e já desesperamos...
Por Céu, por mar e terra procuramos
O Espírito que enche a solidão
E só a própria voz na imensidão
Fatigada nos volve... e não te achamos!
Céus e terra, clamai, aonde? aonde? -
Mas o espírito antigo só responde,
Em tom de grande tédio e de pesar:
- Não vos queixeis, ó filhos da ansiedade,
Que eu mesmo, desde toda a eternidade,
Também me busco a mim... sem me encontrar!
(Antero de Quental) http://www.vidaslusofonas.pt/antero_de_quental.htm
Lindo este poema de Antero de Quental que levanta a eterna temática da busca de nós mesmos. Efectivamente, ao longo da vida, revelamo-nos uma surpresa também para nós próprios, surpresa que nos vem lembrar que não devemos fazer juízos de valor sobre os outros. Se essa eterna busca faz sentido como posso permitir-me pensar que conheço alguém?
ResponderEliminarGostei.
A capacidade de auto-questionamento é uma aprendizagem permanente pela dor depressiva que comporta. Só quem consegue conviver com esse sofrimento
ResponderEliminarconsegue também aproximar-se do outro , sem nunca ter a pretensão de o conhecer. Obrigada pela interpretação
do poema de Antero.