(Aguarelas de Turner)
O barco vai
o barco vem
português vai
português vem
o corpo cai
o corpo dói
português vai
português cai
o barco vai
o barco vem
português vai
português vem
(Ana Hatherly)
Turner na liberdade das suas aguarelas dá-nos a emoção do olhar e do sentir em estado puro.Este espaço propõe-se convocar, pela voz dos que sabem, múltiplos instantes de vida: luz e sombra; esquecimento e memória; vida e morte...
"Seja qual fôr o caminho que eu escolher um poeta já passou por ele antes de mim"
S. Freud
terça-feira, março 29, 2011
Balada do País que dói
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
sexta-feira, março 25, 2011
Matéria é só uma...
(Marcus Stone)
O amor cerra os olhos,não para ver mas para absorver:a obscura transparência,a espessura das sombras ligeiras, a ondulação ardente: a alegria.Um cavalo corre na lenta velocidade das artérias.O amor conhece-se sobre a terra coroada: animal das águas, animal do fogo, animal do ar:a matéria é só uma,terrestre e divina.
O amor cerra os olhos,não para ver mas para absorver:a obscura transparência,a espessura das sombras ligeiras, a ondulação ardente: a alegria.Um cavalo corre na lenta velocidade das artérias.O amor conhece-se sobre a terra coroada: animal das águas, animal do fogo, animal do ar:a matéria é só uma,terrestre e divina.
(António Ramos Rosa de Três Lições Materiais-1989 )
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
quarta-feira, março 23, 2011
...e pu-lo no chão a correr....
(Aguarelas de Turner)
Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
(José Gomes Ferreira)
Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
(José Gomes Ferreira)
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
terça-feira, março 22, 2011
A Poesia...
(Barceló)
A poesia não vai à missa,
não obedece ao sino da paróquia,
prefere atiçar os seus cães
às pernas de deus e dos cobradores
de impostos.
Língua de fogo do não,
caminho estreito
e surdo da abdicação, a poesia
é uma espécie de animal
no escuro recusando a mão
que o chama.
Animal solitário, às vezes irónico, às vezes amável,
quase sempre paciente e sem piedade
A poesia adora andar descalça nas areias do verão.
(Eugénio de Andrade- O Sal da Língua)
A poesia não vai à missa,
não obedece ao sino da paróquia,
prefere atiçar os seus cães
às pernas de deus e dos cobradores
de impostos.
Língua de fogo do não,
caminho estreito
e surdo da abdicação, a poesia
é uma espécie de animal
no escuro recusando a mão
que o chama.
Animal solitário, às vezes irónico, às vezes amável,
quase sempre paciente e sem piedade
A poesia adora andar descalça nas areias do verão.
(Eugénio de Andrade- O Sal da Língua)
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
quinta-feira, março 17, 2011
empoleirada nos telhados a enganar os girassóis
(Van Gogh)
se eu ao relento for uma
mulher a ser inventada, quero
aparecer num amor urgente, não
me esqueças agora que faltarei, pensa
em mim como alguém que vive no
futuro e espera, toda a morte é
um milagre
e continuarei dentro de ti
chegarás de quando em
quando, sei-o, depositado
sobre mim como um hábito ou
algo de comer
já to disse, em nenhum
túmulo caberá a
minha alma, vazarei
pelos tamanhos remediada
com a solidez das coisas
que te tocarem
mas faz-me sempre assim,
empoleirada nos telhados
a enganar os girassóis.
(walter hugo mãe)
se eu ao relento for uma
mulher a ser inventada, quero
aparecer num amor urgente, não
me esqueças agora que faltarei, pensa
em mim como alguém que vive no
futuro e espera, toda a morte é
um milagre
e continuarei dentro de ti
chegarás de quando em
quando, sei-o, depositado
sobre mim como um hábito ou
algo de comer
já to disse, em nenhum
túmulo caberá a
minha alma, vazarei
pelos tamanhos remediada
com a solidez das coisas
que te tocarem
mas faz-me sempre assim,
empoleirada nos telhados
a enganar os girassóis.
(walter hugo mãe)
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
sábado, março 12, 2011
assim se parte o rio
(Aguarelas de Turner)
Entre mergulhos
uma pedra rasa salta três vezes
na água.
E assim se divide,
assim se parte
o rio. A infância
dum lado.Do outro
a terra firme
onde isto se passou.
(Pedro Mexia- Em Memória,2000)
Entre mergulhos
uma pedra rasa salta três vezes
na água.
E assim se divide,
assim se parte
o rio. A infância
dum lado.Do outro
a terra firme
onde isto se passou.
(Pedro Mexia- Em Memória,2000)
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
quinta-feira, março 10, 2011
Uma nuvem de neve o tinge...
(Aguarelas de Turner)
À memória de Tibério Ávila Brasil
Alevanta-se o Pico como a lava
Intacto o arredondou na espuma espessa.
Uma nuvem de neve o tinge, e a brava
Onde o asperge de aromas na cabeça.
Das calhetas de peixe e loiro vinho
Tiram seu pão os homens. O moinho
Usa a vela do barco. E, à maré cheia,
Com sinais de alto mar no lombo, e linho
No fio árduo e mortal, sangra a baleia.
(Vitorino Nemésio- Sapateia Açoriana, Andamento holandês e outros poemas, 1976)
À memória de Tibério Ávila Brasil
Alevanta-se o Pico como a lava
Intacto o arredondou na espuma espessa.
Uma nuvem de neve o tinge, e a brava
Onde o asperge de aromas na cabeça.
Das calhetas de peixe e loiro vinho
Tiram seu pão os homens. O moinho
Usa a vela do barco. E, à maré cheia,
Com sinais de alto mar no lombo, e linho
No fio árduo e mortal, sangra a baleia.
(Vitorino Nemésio- Sapateia Açoriana, Andamento holandês e outros poemas, 1976)
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
terça-feira, março 08, 2011
O Amor que nome tem?
A...
Nome, que não se diz; nome, que não se escreve:
Quem vai meter num som o mundo, a imensidão'
O Amor que nome tem? real, jamais o teve...
Escrever!...pois é pouco um livro- o coração?...
Antero de Quental
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
sábado, março 05, 2011
Um rio nasceu
O Rio (Aguarelas de Turner)
Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um frio cristalino
Distantes milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca de luz.
Um rio nasceu.
(Vinicius de Moraes)
Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um frio cristalino
Distantes milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca de luz.
Um rio nasceu.
(Vinicius de Moraes)
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
Subscrever:
Mensagens (Atom)