(Paul Klee)
Não havia mais ninguém neste mundo que ali pudesse estar para reparar, para testemunhar comigo aquele milagre, enquanto o universo parecia contrair-se no canto sinistro de uma velha loja de quinquilharias, e a eternidade se comprimia naquele momento em que varri a crosta da capa daquele livro bizarro. Tal como a pele de um peixe-trombeta bastardo apanhado à noite, a capa do livro transformou-se numa constelação de pontos púrpura pulsantes. Quanto mais limpava mais pontos apareciam, até a maior parte da capa ficar a brilhar. E, tal como o pescador nocturno que apanhou o peixe- trombeteiro bastardo, os pontos fosforescentes espalharam-se do livro para as minhas mãos, até ficarem cobertas de sardas púrpura, a piscar em esplêndida dissonância, tal como as luzes de uma cidade exótica e desconhecida vistas de um avião. Ao colocar as mãos luminosas em frente ao rosto, virando-as lentamente, maravilhado-mãos tão familiares, contudo tão alienígenas- era como se já tivesse começado uma perturbadora metamorfose.
(Richard Flanagan- O Livro dos Peixes de Gould)
Turner na liberdade das suas aguarelas dá-nos a emoção do olhar e do sentir em estado puro.Este espaço propõe-se convocar, pela voz dos que sabem, múltiplos instantes de vida: luz e sombra; esquecimento e memória; vida e morte...
"Seja qual fôr o caminho que eu escolher um poeta já passou por ele antes de mim"
S. Freud
domingo, maio 06, 2007
Uma constelação de pontos púrpura pulsantes...
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
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o excero é muito bonito. O livro deve ser ainda mais.
ResponderEliminaro excerto era a palavra que eu queria escrever.
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