segunda-feira, maio 21, 2007

A obra...é símbolo.

(Van Gogh)

Se olharmos as obras considerando a sua realidade efectiva intocada e não nos iludirmos a nós próprios a seu respeito, então torna-se manifesto que as obras que estão perante de modo tão natural como qualquer outra coisa. O quadro está pendurado na parede do mesmo modo que uma caçadeira ou um chapéu. Uma pintura, por exemplo, a de Van Gogh que apresenta um par de sapatos de camponês, anda de exposição em exposição. As obras são expedidas como o carvão da bacia de Ruhr ou como os troncos de árvore da Floresta Negra. Durante a campanha, os hinos de Hoderlin estavam enpacotados na mochila do mesmo modo que um utensílio de limpeza. Os quartetos de Beethovan jazem no armazém da editora como batatas numa cave. Todas as obras têm este carácter de coisa(...).O que seriam sem ele?(...)
O carácter de coisa está de modo tão inamovível na obra de arte que até teríamos de dizer antes ao contrário: a obra arquitectónica é em pedra. A obra de talha é em madeira. A pintura é na cor. A obra linguística é na voz. A obra músical é no som. Obviamente-replicar-se-á. É certo que sim. Todavia, o que é, na obra de arte este óbvio carácter de coisa?(...) Na obra de arte, há ainda algo de outro que é posto em conjunto com a coisa confeiçoada. (...) A obra é símbolo.

(Martin Heidegger- Caminhos da Floresta)

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