sábado, novembro 25, 2006

Secretas vêm, cheias de memória...

(Alma)



As palavras

São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,

cruéis, desfeitas,

nas suas conchas puras?

(Eugénio de Andrade)

3 comentários:

  1. Morremos todos um pouco com ele. :(

    Quem as manobrará assim agora?

    Desta maneira simples, doce, clara e pungente...

    Jinhos.

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  2. Hoje na Cabotagem há qualquer coisa daqui.

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