segunda-feira, novembro 20, 2006

É do mundo afectivo que o actor tem de estar consciente...

( Se-Menen-Ka-Ra)
Para utilizar a sua afectividade como o lutador utiliza os músculos, o actor tem de considerar o ser humano como um Duplo, como o Ka dos Embalsamados, no Egipto, espectro perene de onde irradiam as potências da afectividade.
Espectro plástico, para sempre inacabado, cujas formas são autenticamente macaqueadas pelo verdadeiro actor, e ao qual impõe também formas e a imagem da sua sensibilidade própria.
É sobre esse duplo que o teatro exerce influência, é esta efígie espectral que o teatro molda, e, tal como todos os espectros, este duplo é de longa memória. A memória do coração resiste e é, sem dúvida com o coração que o actor pensa; aqui é o coração que domina.
Isto significa que, no teatro, mais do que em qualquer outra parte, é do mundo afectivo que o actor tem de estar consciente, imputando-lhe propriedades que não são as duma imagem, mas que comportem um significado material.

Antonin Artaud ( O Teatro e o seu Duplo- Ed Fenda )

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