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Leite-creme
Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham, com fórmulas legais,
Unir as nossas mãos eternamente,
As mãos sacerdotais.
Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.
Eu posso, se quizer, cheio de manha,
Sondar, quando vestida, p'ra dar fé,
A tua camisinha de bretanha,
Ornada de crochet.
Posso sentir-te em fogo, escandecida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de Verão.
Eu posso, com valor que nada teme,
Contigo preparar lautos festins,
E ajudar-te a fazer o leite creme,
E os mélicos pudins.
(Cesário Verde) "Impossível", OLivro de Cesário Verde
Hummm! Adoro leite-creme! Lembrei-me do leite-creme feito pela minha Mãe.
ResponderEliminarUm bom dia
Ana Heitor
Sem desprimor para Cesáreo, mas com tudo a favor do leite creme!
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