
Numa alma tudo é grande.
Perguntamos se devemos amar.É coisa que não devemos perguntar: devemos sentir.Não deliberamos a esse propósito, somos levados a fazê-lo, e temos prazer em nos enganarmos quando consultamos.
A limpidez do espírito causa também a limpidez da paixão; é por isso que um espírito grande e límpido ama com ardor, e vê distintamente o que ama.
Há duas espécies de espírito, um geométrico, e outro a que podemos chamar de finura.O primeiro tem vistas lentas, duras e inflexíveis: mas o último tem uma versatilidade de pensamento que o aplica ao mesmo tempo às diversas partes amáveis daquilo que ama. Dos olhos chega até ao coração, e pelo movimento do que há fora conhece o que se passa dentro.
Quando temos estes espíritos, um e outro juntos,como dá prazer o amor! Porque possuímos ao mesmo tempo a força e a flexibilidade do espírito, que é muito necessária á eloquência de duas pessoas.
Nascemos com um carácter de amor nos nossos corações, que se desenvolve à medida que o espírito se aperfeiçoa, e que nos leva a amar o que nos parece belo sem que jamais nos tenham dito o que isso é.Quem poderá duvidar assim de não estarmos no mundo para outra coisa que não amar?
(....)
Blaise Pascal(Discurso sobre as Paixões do Amor)Fenda Edições
Lindo ! Nada é tão inexplicavelmente grandeprofundo como o sentiramor et comme dit Henri de Régnier Si j'ai parlé de mon amour,c'est à l'leau lente, c'est au vent, c'est à l'oiseau et c'est ton ombre que je cherche. E o sentiramor não carece de objeto "Tua mémória há sem que houvesses " Fernando Pessoa. Obrigado. joão batista.11/7
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