domingo, setembro 25, 2011

Não há então entre eles nenhum desnível...

 Ficávamos no quarto até anoitecer, ao conseguirmos
Situar num mesmo poema o coração e a pele quase  podíamos
Erguer entre eles uma parede e abrir
Depois caminho à água.

Quem pelo seu sorriso então se aventurasse achar-se-ia
De súbito em profundas minas, a memória
Das suas mais longínquas galerias
Extrai aquilo de que é feito o coração.


Ficávamos no quarto, onde por vezes
O mar vinha irromper. É sem dúvida em dias de maior
Paixão que pelo coração se chega à pele.
Não há então entre eles nenhum desnível.

(Luís Miguel Nava)

5 comentários:

Não são permitidos comentários anónimos