domingo, janeiro 22, 2006

UM DOMINGO COM O POETA DE SEMPRE: EUGÉNIO

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Metamorfoses da Casa
1
Ergue-se aérea pedra a pedra
a casa que só tenho no poema.

2
A casa dorme, sonha no vento
a delícia súbita de ser mastro.

3
Como estremece um torso delicado,
assim a casa, assim um barco...

4
Uma gaivota passa e outra e outra,
a casa não resiste, também voa.

5
Ah, um dia a casa será bosque,
à tua sombra encontrarei a fonte
onde um rumor de água é só silêncio.

Eugénio de Andrade ( Ostinato Rigore)

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