(Aguarelas de Turner)
Manhã de névoa
A névoa foi crescendo instante a instante,
Já não há mar, nem céu,
No seu ondeante
Véu.
O próprio areal deserto
Se vai indefenindo,
Ficando longe e perto,
Infindo.
Diluídas nessas mãos estranhas
Que se diria nem as roçam,
Para os lados da terra, as curvas das montanhas
Mal se esboçam.
Como numa aguarela
Aérea,
Tudo, em redor, perde os contornos,-vela
De espírito a matéria.
Não venhas,Sol, denunciador agreste,
Com teu brutal clarão jucundo,
Desmentir este
Delicioso fim do mundo!
(José Régio- Cântico Negro)
Turner na liberdade das suas aguarelas dá-nos a emoção do olhar e do sentir em estado puro.Este espaço propõe-se convocar, pela voz dos que sabem, múltiplos instantes de vida: luz e sombra; esquecimento e memória; vida e morte...
"Seja qual fôr o caminho que eu escolher um poeta já passou por ele antes de mim"
S. Freud
sábado, novembro 27, 2010
Ficando longe e perto, Infindo
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
quarta-feira, novembro 10, 2010
Saudade-Qué será?...yo no sé...lo he buscado,
en unos diccionarios empolvados e antiguos
y en outros libros que no me han dado el significado
de esta dulce palabra de perfiles ambiguos.
Dicen que azules son las montañas como ella,
que en ella se obscurecen los amores lejanos,
y un noble y buen amigo mío (y de las estrellas)
la nombra en un temblor de trenzas y de manos.
Y hoy en Eça de Queiroz sin mirar la adivino,
su secreto se evade, su dulzura me obsede
com una mariposa de cuerpo extraño y fino
siempre lejos- tan lejos!- de mis tranquilas redes.
Saudade...Oiga vecino, sabe o significado
de esta palabra blanca que como um pez se evade?
No...Y me tiembla en la boca su temblor delicado...
Saudade...
(Pablo Neruda-Crepusculario)
Olhar o mundo à minha volta,
gostar dos que me são queridos,
usar, da melhor maneira, aquilo, que julgo saber...
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