Infelizmente conheci Amélia Pais já tarde. Esse privilégio foi dado pelo tempo dos blogs. "Aguarelas de Turner" era uma criança recém-nascida quando foi visitado ou lhe desaguou no cais "Ao longe barcos de flores".
Nascia assim um conhecimento que se fazia através das escolhas que cada uma de nós fazia. Eu, uma simples amante da poesia, ela, uma Senhora que tratava por tu as letras, com uma escolha de textos e poemas, onde se misturavam sensibilidade e saber.
A pouco e pouco a simpatia entre nós foi crescendo e dela decorreram alguns contactos mais pessoais. Através do seu blog fui podendo sentir como amou e continuava a amar o ensino no verdadeiro sentido da palavra, isto é, pelas sementes que pode deixar às gerações que por ela passaram. Amélia Pais fazia-me lembrar a minha professora de português dos anos sessenta não só pela estatura física como também pela estatura ética. Cheguei a dizer-lhe isto não exactamente por estas palavras.
E como todas as pessoas que gostamos pensamos que as teremos sempre ao nosso lado.
Ultimamente este meu lugar de poesia tem andado um tanto ou quanto descurado, mas não faz ainda muito tempo que Amélia me disse como continuava a gostar de vir aqui. Li o seu comentário com um sorriso e um brilho nos olhos...Ela estava a dizer-me, pensei eu, que gostaria que este meu barquito continuasse a navegar. Disse-lhe (sem lhe dizer) que estava à espera que a maré o ajudasse e que seguramente, apesar de andar um pouco pela borda de água qualquer dia ele se faria de novo ao mar da poesia.
Não sei agora como terminar esta nossa conversa...Talvez recordando o seu último comentário ao texto-poema de José Luís Peixoto : "e eu aqui a lembrar-me da Valsinha
Adeus Amelia, até sempre...Fica a tua luz.