sexta-feira, março 31, 2006

Na vindima de cada sonho...




Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...


Miguel Torga

a terra semeada...as giestas em flor...

(AGUARELAS DE TURNER)

Blasé


Faltavam poucas
páginas:


o que seria
a felicidade,

a terra semeada
as giestas


em flor, um jantar
às terças-feiras.

José Alberto Oliveira ( Por alguns dias)

quarta-feira, março 29, 2006

Está em jogo o destino da civilização que construímos...




A invenção do amor

Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor

Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com caracter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana

Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado

Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo

Um homem e uma mulher um cartaz denuncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia
iminente a captura A policia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e nas avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique Antes
que a invenção do amor se processe em cadeia

Há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos
Chamem as tropas aquarteladas na província
Convoquem os reservistas os bombeiros os elementos da defesa passiva
Todos decrete-se a lei marcial com todas as consequências
O perigo justifica-o Um homem e uma mulher
conheceram-se amaram-se perderam-se no labirinto da cidade

É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los
antes que seja tarde
e a memória da infância nos jardins escondidos
acorde a tolerância no coração das pessoas

Fechem as escolas Sobretudo
protejam as crianças da contaminação
uma agência comunica que algures ao sul do rio
um menino pediu uma rosa vermelha
e chorou nervosamente porque lha recusaram
Segundo o director da sua escola é um pequeno triste inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão
Aplicado no entanto Respeitador da disciplina
Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos
Ainda bem que se revelou a tempo Vai ser internado
e submetido a um tratamento especial de recuperação
Mas é possível que haja outros É absolutamente vital
que o diagnóstico se faça no período primário da doença
E também que se evite o contágio com o homem e a mulher
de que fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade

Está em jogo o destino da civilização que construímos
o destino das máquinas das bombas de hidrogénio das normas de discriminação racial
o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos
a verdade incontroversa das declarações políticas

...

É possível que cantem
mas defendam-se de entender a sua voz Alguém que os escutou
deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas
E quando foi interrogado em Tribunal de Guerra
respondeu que a voz e as palavras o faziam feliz
lhe lembravam a infância Campos verdes floridos
Água simples correndo A brisa das montanhas
Foi condenado à morte é evidente É preciso evitar um mal maior
Mas caminhou cantando para o muro da execução
foi necessário amordaçá-lo e mesmo desprendia-se dele
um misterioso halo de uma felicidade incorrupta

...

Procurem a mulher o homem que num bar
de hotel se encontraram numa tarde de chuva
Se tanto for preciso estabeleçam barricadas
senhas salvo-condutos horas de recolher
censura prévia à Imprensa tribunais de excepção
Para bem da cidade do país da cultura
é preciso encontrar o casal fugitivo
que inventou o amor com carácter de urgência

Os jornais da manhã publicam a notícia
de que os viram passar de mãos dadas sorrindo
numa rua serena debruada de acácias
Um velho sem família a testemunha diz
ter sentido de súbito uma estranha paz interior
uma voz desprendendo um cheiro a primavera
o doce bafo quente da adolescência longínqua

Daniel Filipe

terça-feira, março 28, 2006

O corpo não espera...




O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sêde, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera; este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.

Jorge de Sena

segunda-feira, março 27, 2006

Buscar a árvore, a praia, a flor...




O sonho é ver formas invisíveis
Da distância imprecisa,e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte-
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa

terça-feira, março 21, 2006

Agora o homem não está só...

(Gaugin)

Agora
me parece
que o homem não está só.
Em suas mãos
elaborou
como se fora um duro
pão, a esperança
a terrestre esperança.

Pablo Neruda ( tradução de Thiago Melo-Nuevas odas elementales)

segunda-feira, março 20, 2006

Amigo é um sorriso de boca em boca...




Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill

domingo, março 19, 2006

UM DOMINGO COM AFFONSO ROMANO deSANT'ANNA




Definição

O corpo é onde
é carne:

o corpo é onde
há carne
e o sangue
é alarme.

O corpo é onde
é chama:

o corpo é onde
há chama
e a brasa
inflama.

O corpo é onde
é luta:

o corpo é onde
há luta
e o sangue
exulta.

O corpo é onde
é cal:

o corpo é onde
há cal
e a dor
é sal.

O corpo
é onde
e a vida
é quando.


Publicado no livro Canto e palavra (1965).

In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 198

sábado, março 18, 2006

Que faz um livro viver?

(Courbet)

Que faz um livro viver? Quantas vezes se põe esta questão!Um livro vive devido à recomendação apaixonada que um leitor faz a outro.Nada consegue reprimir esse impulso básico do ser humano. Apesar das opiniões de cínicos e misantropos , julgo que a espécie humana tratará sempre partilhar as suas experiências mais profundas.
Os livros são uma das poucas coisas que os homens apreciam profundamente. E quanto melhor for o homem, com mais facilidade se separará dos bens que lhe são mais queridos.Um livro abandonado numa prateleira é uma munição desperdiçada.Tal como o dinheiro os livros têm de estar em constante circulação. Emprestem e peçam emprestado tanto quanto puderem- quer livros, quer dinheiro! Mas sobretudo livros, pois estes representam infinitamente mais de que o dinheiro.Um livro não é apenas um amigo, cria novas amizades. Quando possuímos um livro com a mente e o espírito, ficamos enriquecidos. Mas quando o passamos para alguém enriquecemos o triplo.

Henry Miller ( Os Livros da minha vida )

sexta-feira, março 17, 2006

Flores na janela...




NANTUCKET

Flores na janela
roxo-claro e amarelas


alteradas por cortinas brancas-
Cheiro a limpo-


Sol do entardecer-
Na bandeja de vidro


Um jarro de vidro,o copo
voltado para baixo, e junto ao copo


uma chave- E o
branco leito imaculado


William Williams ( Antologia breve -1883-1963)

quinta-feira, março 16, 2006

A vida deve ser bebida




A vida deve ser bebida

Estou
E num breve instante
Sinto tudo
Sinto-me tudo

Deito-me no meu corpo
E despeço-me de mim
Para me encontrar
No próximo olhar
.
ausento-me da morte
não quero nada
eu sou tudo
respiro-me até à exaustão
.
nada me alimenta
porque sou feito de todas as coisas
e adormeço onde tombam a luz e a poeira

A vida (ensinaram-me assim)
Deve ser bebida


Mia Couto

quarta-feira, março 15, 2006

A palavra é uma estátua submersa...





A palavra é uma estátua submersa,um leopardo
que estremece em escuros bosques,uma anémona
sobre uma cabeleira.Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite,
cega e nua,mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada.Rápida é a boca
que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos,os cabelos ardentes
e vejo uma água límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais.

António Ramos Rosa (de Acordes-1989)

terça-feira, março 14, 2006

Afinal o que era uma noite?




Mas afinal o que era uma noite? Um curto espaço, em especial quando a escuridão desce tão cedo, e tão cedo um pássaro canta, um galo grita, ou um certo verde pálido se agita, como folha voltada no côncavo da onda.A noite, porém, segue-se à noite.O inverno guarda uma provisão de noites, reparte-as equitativamente,igualmente, com dedos infatigáveis.Prolongam-se; escurecem. Algumas sustentam no alto claros planetas, placas de brilho.

Virgínia Woolf ( Rumo ao Farol)

segunda-feira, março 13, 2006

Ainda te levarei àquela casa...




Ainda Te Levarei

Ainda te levarei
Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ou rubis.

As nozes
Meu amor
Mancham os dedos
E são verdes e exatas
Como ovos
Mas as cerejas
Ah! As cerejas
São quando a cerejeira sua
Seu manso sangue.

ainda te levarei àquela casa
onde floriam lilases
e serpentes tão claras quanto a água
deslizavam ao pé das macieiras.
te mostrarei três lagos
no horizonte
três queijos maturando
numa adega
três lesmas
escondidas sob um vaso.
estará tudo lá
à nossa espera
morangueiras quebradas
lagartixas.

Só não estará meu medo
de menina
aquele mais escuro que os ciprestes
ecos no mato passos sobre a ponte
garras na saia vento nos cabelos
e o latejar das veias repetindo
estou sozinha
e ninguém me salva

Mariana Colasanti

domingo, março 12, 2006

UM DOMINGO COM LUIS MIGUEL NAVA



Sem outro intuito

Atirávamos pedras

à água para o silêncio vir à tona.

O mundo, que os sentidos tonificam,

surgia-nos então todo enterrado

na nossa própria carne, envolto

por vezes em ferozes transparências

que as pedras acirravam

sem outro intuito além do de extraírem

às águas o silêncio que as unia.

Luis Miguel Nava

sábado, março 11, 2006

Abro o teu sorriso gota a gota




com a polpa dos dedos

com
a polpa
dos dedos
abro
o teu sorriso
gota
a
gota

até desmoronar
as vigas
dos meus olhos


Almeida Garrett

sexta-feira, março 10, 2006

Puzemos tanto azul nessa distância...



Pusemos tanto azul nessa distância
ancorada em incerta claridade
e ficamos nas paredes do vento
a escorrer para tudo o que ele invade.

Pusemos tantas flores nas horas breves
que secam folhas nas árvores dos dedos.
E ficámos cingidos nas estátuas
a morder-nos na carne dum segredo.

Natália Correia

quinta-feira, março 09, 2006

São como sedas pálidas a arder...





Os versos que te fiz

Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.

Florbela Espanca

quarta-feira, março 08, 2006

Ai, doce pensamento meu...




AI, DOCE pensamento meu,
quando me levarás onde te envio eu!

Romancero general ( Anónimo-início sec XVII)

terça-feira, março 07, 2006

Deita sumo de lua e de laranja...





Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada,

para que a luz do Sol me não constranja.

Numa taça de sombra estilhaçada,

deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,

onde eu ouça o estertor de uma gaivota...

Crepite, em derredor, o mar de Agosto...

E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho

que acendas, para tudo ser perfeito,

à cabeceira a luz do teu joelho,

entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso

para a minha ilusão do Paraíso.


David Mourão-Ferreira

segunda-feira, março 06, 2006

Maneiras de dizer o sempre...




nó cego, indesatável
do sentido do tempo, densidades
lembradas, contraditas
apenas ténues

maneiras de dizer o sempre,
o obscuro rigor do coração,
sua ladeira de lágrimas e lama,
escuramente: a perdição de amor.


não rasgues essa amálgama, não a
deixes intacta, perturba-a
partilhando-a enquanto
sombra, raiz, nó cego.


nem há distância, a pura construção mental:
o tempo transparece, inexplicável.


Vasco Graça Moura (nó cego,o regresso-1982)

domingo, março 05, 2006

Uma pequenina luz



Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla...em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva:
[brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
com a exactidão como a firmeza
como a justiça
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância.Aqui
no meio de nós.
Brilha.

Jorge de Sena ( Fidelidade-1958)

UM DOMINGO COM JORGE DE SENA



« DA VIDA...NÃO FALES NELA,...»


Da vida... não fales dela,
quando o ritmo pressentes,
Não fales dela que a mentes.


Se os teus olhos se demoram
em coisas que nada são,
se os pensamentos se enfloram
em torno delas e não
em torno de não saber
da vida...Não fales dela.


Quando saibas de viver
nesse olhar se te congela.
E só a dança é que dança,
quando o ritmo pressentes.


Se, firme, o ritmo avnça,
é dócil a vida, e mansa...
Não fales nela, que a mentes.


Jorge de Sena ( Trinta Anos de Poesia)

sábado, março 04, 2006

Vem dos montes friíssimos da Noruega...



ACENTO

Vem dos montes friíssimos da Noruega
onde te sonhei para beberes estrelas
e caminhar a custo entre cascatas
onde a ternura é um escadote
e o ar um caracol de planetas nas órbitas.


António Maria Lisboa (Poesia)

sexta-feira, março 03, 2006

O orvalho não a toca...




A ROSA MUTÁVEL


Quando se abre na manhã,
rubra como sangue está.
O orvalho não a toca
com medo de se queimar.
Aberta à luz do meio-dia
é dura como um coral.
O sol assoma nos vidros
só para a ver fulgurar.
Quando nos ramos começam
os pássaros a cantar,
e quando a tarde desmaia
nas violetas do mar,
torna-se branca, tão branca
como uma face de sal.
E logo que a noite toca
brando corno de metal
e as estrelas avançam
enquanto se esconde o ar,
no risco fino da sombra, começa-se a desfolhar.


( Trinta e seis poemas e uma aleluia erótica- Federico Garcia Lorca

quinta-feira, março 02, 2006

O poema ensina a cair




O POEMA ENSINA A CAIR


O poema ensina a cair
sobre vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede


até à queda vinda
na lenta volúpia de cair
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.


Luiza Neto Jorge ( O Seu a Seu Tempo)

quarta-feira, março 01, 2006

Viver é arriscar-se



VIVER É ARRISCAR-SE

Rir é arriscar-se a parecer doido...

Chorar é arriscar-se a parecer sentimental...

Estender a mão é arriscar-se a comprometer-se...

Mostrar os seus sentimentos é arriscar-se a se expor...

Dar a conhecer as suas ideias, os seus sonhos, é arriscar-se a ser rejeitado...

Amar é arriscar-se a não ser retribuído no amor...

Viver é arriscar-se a morrer...

Esperar é arriscar-se a desesperar...

Tentar é arriscar-se a falhar...

Mas devemos nos arriscar!

O maior perigo na vida está em não arriscar.

Aquele que não arrisca nada...

Não faz nada...

Não tem nada...

Não é nada...

Rudyard Kipling